Se você já perdeu dinheiro na bolsa é porque estava no caminho dos players institucionais e não sabia
Players institucionais são aqueles participantes com real poder de controlar o preço através da manipulação do volume. São os chamados “grandes players” ou “big players” ou, ainda, o “dinheiro esperto”.
Quando falamos de “manipulação”, parece algo fora das regras, algo errado. Porém essa manipulação faz parte do jogo e conhecer as regras desse jogo, que é dominado pelos players institucionais pode fazer diferença para aqueles participantes cujo potencial financeiro é mínimo diante do poderio desses “tubarões”.
Tudo o que eles fazem é aproveitar os momentos do liquidez causados pelo pânico e pela euforia do mercado pra montar e desmontar as grandes posições em ativos e, assim, movimentar bilhões e bilhões em dinheiro.
Entendendo como esses players institucionais se comportam, aumentamos as chances de acertar nossos trades e investimentos na bolsa de valores.
Por isso, neste artigo, vamos saber quem são os players institucionais, qual o seu perfil, como atuam e também dar nome a alguns desses bois, ou touros ou tubarões... o bicho que você preferir.
QUEM SÃO OS PLAYERS INSTITUCIONAIS?
Você acredita que a empresa em que você trabalha é grande. Está em todo o Brasil, com filiais espalhadas por todo o território, milhares e talvez milhões de clientes. É uma empresa grande, não é? Talvez ela até tenha capital negociado na bolsa, ações nas mãos de milhares de investidores.
Pois, só pra dar a dimensão da coisa, perto daquelas companhias que vamos chamar de players institucionais, todo o poderio financeiro e de crédito dessa companhia é dinheiro do pão.
Sim, os institucionais são grandes. Muito grandes.
Uma pesquisa de 2011 sobre os players institucionais
Em 2011, pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Suíça realizaram um levantamento a partir de empresas transnacionais atuantes no mundo inteiro.
O trabalho foi extenso. Esses pesquisadores concluíram que aproximadamente 43 mil empresas transnacionais (talvez você trabalhe numa delas) representam, juntas, todo o capital mundial.
Veja, não são empresas pequenas e, ainda assim, são 43 mil. Considere que o PIB mundial é estimado em 170 trilhões de dólares ao ano. Elas são responsáveis em grande parte por esse valor, se não por quase a totalidade.
Mas não são essas os players institucionais da bolsa de valores. O buraco é ainda mais embaixo. Ou em cima, conforme o ponto de vista.
O levantamento feito pelos pesquisadores suíços descobriu que apenas 174 companhias controlam direta ou indiretamente 40% das demais 43 mil, via controle acionário.
A pesquisa é de 2011. É muito possível e provável que essa concentração de capital tenha se exacerbado de lá pra cá, quase dez anos depois.
Vamos dizer então, estimando, que 100 empresas controlam 50% de todas as outras. É o mesmo que dizer que 100 companhias transnacionais têm em suas mãos US$ 85 trilhões de todo o dinheiro circulante e em crédito mundial. Lembre-se: é uma estimativa, mas dá pra dar uma ideia do tamanho dessa possível centena de players.
Outra estimativa: metade dessas 100, umas 50, portanto, têm intensa participação nos mercados mundiais, nas bolsas de valores.
Qual o grande problema para os players institucionais
Tenha em mente uma coisa: quando elas compram ações, não são 100 lotes de vales (o que é uma pequena fortuna pra alguns de nós). São milhares de lotes. Dezenas, talvez centenas de milhares, a depender do ativo.
Para comprar e vender essa quantidade de ações, commodities, futuros, moedas e tudo o mais com que elas lidam não é bem assim.
Logo, o problema delas passa longe do preço dos ativos que, sim, é levado em conta sim. O maior problema delas é liquidez: quando e como conseguir comprar ativos nesse volume sem distorcer o preço desfavoravelmente a elas.
Quem são os players institucionais
Vou listar 10 dos principais players institucionais. Alguns deles você já ouviu falar. Outros talvez não, pois são mais conhecidos pelas marcas e empresas que controlam. É incrível que empresas tão grandes passem despercebidas. E, se elas passam despercebidas dos nossos olhos e ouvidos, você vai ver que, nas bolsas mundiais, esses gigantes conseguem ser ainda mais, contraditoriamente, sorrateiros:
• UBS AG (empresa suíça de investimentos financeiros).
• Merrill Lynch & Co Inc (banco de investimento estadunidense).
• Vanguard Group (companhia estadunidense de fundos de investimento).
• Legal and General Group PLC (Companhia de seguros, pensões e investimentos, com operações no Reino Unido, Holanda, França, Alemanha, EUA, Egito, Índia e Emirados Árabes).
• JP Morgan Chase & Co (banco com sede nos Estados Unidos).
• State Street Corporation (holding que administra duas companhias financeiras dos EUA).
• AXA (francesa que administra seguros e fundos).
• Fidelity Investments (dos EUA).
• Capital Group Companies Inc (algumas das centenas de empresas que estão sob a guarda desta: Bayer e Volkswagen).
• Barclays PLC (instituição financeira do Reino Unido).
E, como esses, outros tantos estão em atuação na bolsa de valores. Inclusive na bolsa de valores brasileira, direta ou indiretamente.
Quando a bolsa sobe ou desce, não é porque os pequenos investidores de varejo estão otimistas. Quando cai, não é porque eles estão pessimistas.
Os movimentos da bolsa de valores é resultado da disputa de gigantes como esses.
Quando um pequeno investidor ou trader perde dinheiro na bolsa, não é porque esses investidores institucionais estavam cobiçando os R$ 100 mil que o José da Silva colocou em jogo numa operação alavancada sem o menor sentido. Isso nem é dinheiro pra eles.
Nosso amigo José da Silva, é apenas o sujeito que chegou perto demais de uma briga de dois lutadores de ponta de MMA e levou uma na orelha porque estava no lugar errado e foi parar no hospital.
Os institucionais não miram no varejo. Eles estão atrás do dinheiro de outros institucionais, mas também de fundos e até de bancos centrais.
Quanto a nós, as operações desses titãs nem nos levam em conta. A gente nem existe.
COMO OS PLAYERS INSTITUCIONAIS ATUAM NO MERCADO?
Os institucionais trabalham no rumo totalmente contrário do que a gente imagina.
Nos dizem pra comprar em tendência de alta, quando todos estão empolgados e a bolsa sobe.
E pra vender ou entrar em operações vendidas quando a bolsa cai.
É aqui que a cabeça de muita gente funde.
Os institucionais trabalham no sentido contrário: vendem a rodo quando a bolsa está subindo.
E enchem o carrinho quando a bolsa está caindo.
Talvez não faça muito sentido agora, mas o próximo tópico vai explicar melhor, pelo menos os motivos disso acontecer.
Em outro artigo, ensinamos o ciclo do mercado e isso fica ainda mais claro e detalhado. Ainda temos artigos sobre cada fase desse ciclo, esmiuçando em detalhes o comportamento dos players institucionais.
Por ora, saiba o seguinte: quando os possuidores fracos (varejo, fundos menores e outros participantes) estão comprando num mercado de alta, a preços cada vez mais caros, que fornece esses ativos são os institucionais, que compraram ativos baratos naqueles momentos de crise, considerados os piores momentos da bolsa.
Quando os possuidores fracos estão desesperados, vendendo ativos que não querem mais porque não aguentam mais levar prejuízo, que “faz o favor” de comprar esses papéis, mais uma vez, são os investidores institucionais, colocando em carteira ativos que haviam vendido lá no topo do mercado a um preço altíssimo.
Basicamente o que eles fazem é absorver euforia e absorver pânico. Porque euforia e pânico lhes dão uma coisa de que precisam muito: liquidez.
Inclusive, os momentos finais de um momento de queda costumamos chamar de “desespero extremo”. Esse momento é marcado por um volume altíssimo em que os institucionais vão comprar o máximo de ativos possíveis de possuidores fracos que simplesmente jogaram a toalha. Os momentos finais de um movimento de alta costumamos chamar de “euforia máxima”. E, nele, o institucional distribui ativos a rodo.
Depois da euforia máxima e do desespero extremo, temos uma lateralização em que oferta e demanda se equilibram e em que os players institucionais continuam respectivamente a distribuir e a acumular, embora mais discretamente, cumprindo algumas etapas antes de o mercado amadurecer.
Se o mercado está no topo, depois que está “maduro”, após essa lateralização, o institucional volta à carga máxima, novamente vendendo, porém, desta vez, agredindo preços cada vez mais baixo, atacando a demanda a níveis inferiores. Isso provoca um movimento de queda. Quem comprou lá em cima e em momentos intermediários decide vender também, aumentando a oferta e, novamente o mercado volta a cair pra que os players institucionais possam comprar novamente a preços baixos.
Se o mercado está no fundo, após sua “maturação”, após lateralizar, o institucional volta a sua maior atividade, mas comprando agressivamente a preços cada vez mais altas. Quem vendeu no fundo ou mesmo quem abriu posições de venda descoberta, vai precisar encerrar suas operações, promovendo mais compras e aumentando a demanda que faz os preços subirem.
A essa altura, os players institucionais voltam a vender os ativos que compraram baratinhos dos demais participantes nos momentos de pânico e nos momentos de lateralização no fundo do mercado.
Como eu disse, esse comportamento é melhor explicado no nosso artigo sobre ciclos de mercado, mas acho que, por aqui já dá pra dar uma ideia.
QUAL O FOCO DOS PLAYERS INSTITUCIONAIS?
Creio já ter dito que o principal problema dos players institucionais é a liquidez. Como comprar o número gigantesco de ativos de que precisam a preços justos para eles sem chamar a atenção e sem provocar uma alta muito acentuada, já que causariam uma demanda por demais elevada?
Como vender um grande número de ações, contratos, moedas e commodities sem gerar uma queda enorme, devido a uma oferta gigantesca?
O segredo é comprar quanto todo o mundo quer vender.
E vender quando todo o mundo quer comprar.
É claro que para que essa conta, no final, feche com lucro é preciso um intenso trabalho de cálculo financeiro, de estratégia, de aproveitamento de oportunidades e até de boas desculpas.
Sim, para a estratégias desses investidores institucionais fatos e notícias como as pandemias, as guerras comerciais e demais crises mundiais nada mais são do que boas desculpas para o cumprimento de seus objetivos.
Além disso, eles têm os recursos financeiros, tecnológicos e de pessoal para obter o que querem.
COMO OS GRANDES PLAYERS INSTITUCIONAIS CONTROLAM O PREÇO DO MERCADO
Os investidores institucionais contam com diversos recursos para dar conta de ter sucesso nesse comportamento acima descrito:
• Intensa utilização de robôs HFT: Robôs de Alta Frequência de Negociação são algoritmos que se aproveitam das menores distorções do mercado, sendo capazes de posicionar e reposicionar ordens em questão de milissegundos, utilizando diversas estratégias, algumas delas mais e outras menos lícitas
• Algumas das mentes matemáticas mais poderosas, capazes de programar esses algoritmos para funcionar como verdadeiras máquinas de fazer dinheiro
• Hardware de última geração, pois como você deve ter imaginado, algoritmos desse tipo não funcionam no computador de mesa que você usa para operar. Além disso, os institucionais chegam ao preciosismo de posicionar seus equipamentos o mais próximo possível dos servidores da bolsa para evitar a mínima latência
• CEOs dos mais competitivos: os mais preparados, competitivos e bem informados executivos do mundo. Esteja certo de que eles não se informam no mesmo portal de notícias que você. Eles sabem das notícias semanas antes de elas virem a público. Talvez algumas delas nem venham. Talvez eles mesmos sejam a fonte da notícia. Afinal, quem sabe da notícia antes? O CEO de uma dessas empresas ou o estagiário do portal que aperta o botão “publicar”?
EXEMPLOS DA ATUAÇÃO DOS GRANDES PLAYERS INSTITUCIONAIS
Você deve lembrar do dia do rompimento da barragem de Brumadinho, sob a responsabilidade da Vale.
Tão logo a bolsa abriu, no dia útil seguinte, as ações abriram com um enorme gap de baixa.
Diversos participantes decidiram que era hora de vender, em pânico.
Não só o gap e o candle de baixa foram desproporcionais.
Acima de tudo, o volume foi proporcional.
Tenha em mente que se tanta gente vendeu ativos, alguém comprou. Não existe venda sem a contrapartida na compra.
E quem comprou? Os investidores institucionais.
Não à toa, poucas semanas depois, as ações da Vale voltaram para o patamar que haviam deixado à época do desastre.
Quem lucrou? Aqueles que se aproveitaram da liquidez proporcionada pelo desespero vendedor.
Hoje estamos vendo o mesmo acontecer.
Novo Corona Vírus (Covid-19), briga entre Rússia e Arábia Saudita quanto à produção e ao preço do petróleo, bolsas do mundo todo caindo, circuit breaks disparando...
Muita gente, assustada, vendendo forte. Note que muitas pessoas acabaram de chegar à bolsa de valores, durante um momento de relativa euforia, expectativa e otimismo. Essas pessoas venderam ações que haviam comprado. Saíram de fundos de ações e multimercado. Estão apavoradas.
Quem já está comprando? Os players institucionais. Eles estão comprando porque chegamos ao fundo? Não, porque estão tendo liquidez. E eles têm cacife para continuar comprando enquanto houver liquidez. E, quando perceberem que há equilíbrio no mercado, que a liquidez está secando, vão preparar o bote e fazer o mercado subir novamente.
COMO O RAIO X PREDITIVO PODE TE AJUDAR A SEGUIR OS PLAYERS INSTITUCIONAIS
O Raio X Preditivo é uma metodologia que estuda o comportamento dos players institucionais através do volume.
Sim, estima-se que 80% do volume negociado nas bolsas de valores do mundo seja ocasionado pela atuação dos players institucionais.
Portanto, certos níveis elevados de volume só podem acontecer nos momentos em que esses participantes estão mais atuantes.
O Raio X Preditivo, portanto, é uma metodologia que sistematiza a Nova Análise Técnica em conceitos e ferramentas voltadas para o volume. As ferramentas, os indicadores Sato’s, colocam os conceitos para funcionar na prática, diretamente sobre o gráfico.
Para a Nova Análise Técnica, o volume é uma informação mais importante, que se sobrepõe ao preço. O volume, a propósito, é a causa do movimento dos preços. Enquanto isso, o preço é mero efeito.
Apesar disso, muitos cursos e metodologias presentes no mercado brasileiro e até mesmo mundial se concentram no preço, seus padrões (suportes, resistências, linhas de tendência, ombro cabeça ombro, flâmulas, bandeiras, triângulos) e em indicadores derivados do preço. No entanto, o preço, como efeito que é não passa de informação passada.
O Raio X Preditivo acredita que, ao estudarmos as causas, nos adiantamos aos efeitos.
Sabendo onde os players institucionais estão acumulando ativos, onde estão distribuindo, quais são suas armadilhas, seus testes de demanda e seus testes de oferta nos dá mais chance de encontrar pontos saudáveis de trade.
Zonas saudáveis de trade são justamente aquelas em que temos mais sucesso em obter operações e oportunidades com baixo risco e alta probabilidade de lucro superior: isto é, nas operações em que perdemos, perdemos pouco, e naquelas em que ganhamos, ganhamos muito.
CONCLUSÃO
Saber da existência dos players institucionais é fundamental para o sucesso na bolsa de valores. Ignorá-los, fazendo investimentos e operações na bolsa sem esse conhecimento, é como entrar em um campo de guerra achando que se está em um campo florido. A bolsa de valores é um dos mercados mais competitivos e sanguinários que existe.
Não temos dúvida de que muitos dos recentes novatos da bolsa de valores, que entraram em operações recentes, estão sofrendo no atual momento de crise, achando que algo assim jamais aconteceria.
Mais do que saber da existência dos players institucionais, saber como atuam, como seguir suas pistas, como entender sua atuação não nos dá apenas a vantagem de não entrar em investimentos e operações em momentos perdedores. Nos dá a vantagem estratégica de colocar esses titãs como nossos aliados.
E, quando somos pequenos, para vencer, precisamos subir no ombro de gigantes.