Os possuidores fortes tiram o dinheiro dos possuidores fracos na bolsa de valores. Aprenda a não agir como um cordeiro indo para o abate
Possuidores Fortes e possuidores fracos: estamos de que lado desta batalha da bolsa de valores.
Se você acha que é bom estar lado a lado aos fortes, e suponho que deve achar, tenho uma má notícia.
Dificilmente, nós pessoas físicas, investidores e traders de varejo, seremos como os fortes.
Os possuidores fortes têm um poder financeiro de bilhões de dólares. Não estou falando de “bilhão”, no singular. Estou falando de bilhões, no plural mesmo.
A boa notícia é que, através de nosso comportamento, ao menos, podemos evitar agir como os possuidores fracos, o rebanho de dóceis cordeiros indo alegremente para o matadouro administrado pelos lobos sedentos de sangue.
Sim, podemos saber como os possuidores fortes se comportam a fim de acompanhar a sua atuação e ir junto com eles no momento de surfar as ondas que eles provocam nos mercados.
Possuidores fortes são pouquíssimos, como veremos a seguir, e, mesmo sendo poucos, representam 80%, talvez mais, do volume negociado nos mercados mundiais.
Possuidores fracos são a imensa maioria entre os participantes da bolsa, mas mesmo juntos, têm uma fatia muito pequena de todo o dinheiro da bolsa.
O dinheiro que os possuidores fracos representam é dinheiro do troco para os fortes. Nem isso, talvez. Os possuidores fortes estão brigando contra eles mesmos e indo atrás de presas maiores, como hedge funds, fundos de pensão e até bancos centrais. Os possuidores fracos só entram de gaiatos nessa história: como se estivessem se metendo no caminho de um rolo compressor sem sequer saber que esse rolo compressor existe.
O melhor é pegar carona nesse rolo compressor.
Mas, pra isso, precisamos saber quem são os possuidores fracos e os possuidores fortes.
QUEM SÃO OS POSSUIDORES FORTES E FRACOS DO MERCADO?
O estudo de que vamos falar agora é de 2011. Então é bem possível que a situação retratada por ele tenha se exacerbado.
Pra não dizerem que estou inventando isso, vou citar os pesquisadores e até a publicação em que a pesquisa foi publicada. Uma rápida busca no Google vai ajudar você a ver detalhes dela.
Stefania Vitali, James B. Glattfelder e Stefano Battiston são estudiosos do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça.
Eles publicaram o estudo “A Rede de Controle Corporativo Global” (The Network of Global Corporate Control) na revista PLoS One.
De um universo de 30 milhões de companhias transnacionais, eles levantaram 43.060 transnacionais que, juntas, representavam todo o capital mundial. Imagine o trabalho que isso deu, mesmo com ajuda de computadores e do conhecimento por eles acumulados nesse tipo de trabalho.
Quer dizer, todas as restantes das 30 milhões de companhias mundiais, estavam submetidas, de alguma forma a esse “hub” de 43 mil empresas. Perto das 43 mil, as outras são dinheiro para comprar jujuba.
Mas o funil não parou aí.
Essas quatro dezenas de milhares são as que representam o grosso nos negócios, certo?
Os pesquisadores suíços descobriram que apenas 146 dessas empresas – apenas 0,024% de todas as 43 mil – conseguiam concentrar o controle de 40% de todas as outras, via domínio acionário, sociedades ou outros meios.
Como eu disse, isso foi em 2011. Não acho exagerado dizer que, passados 10 anos, a concentração de capital tenha aumentado. Então não seria errado dizer que, hoje, umas 100 empesas concentram 50%, metade, de todo o capital mundial.
Cada uma dessas 100 empresas, sem dúvida, tem um “PIB” maior que alguns países. Verdadeiras nações corporativas.
Mais um dado importante pra você ficar ligado: metade delas têm intensa participação nas bolsas de valores mundiais.
Vamos dar nome aos bois ou, melhor dizendo, aos lobos, citando os maiores possuidores fortes:
• UBS AG
• Merrill Lynch & Co Inc
• Vanguard Group
• Legal and General Group PLC
• JP Morgan Chase & Co
• State Street Corporation
• AXA
• Fidelity Investments
• Capital Group Companies Inc
• Barclays PLC
• e diversos outros.
O engraçado é que a maioria entre os possuidores fracos ignora a presença dos possuidores fortes, que também costumamos chamar de investidores institucionais, big players ou dinheiro esperto.
Olham para os gráficos, observando todos os preços, ignorando que o comportamento comum aos possuidores fortes está evidenciado em algumas pistas relativamente fáceis de encontrar e que podem ser aprimoradas em sua leitura através de conceitos e ferramentas que usamos, por exemplo, no Raio X Preditivo.
Para qualquer gráfico da bolsa de valores em que olhamos, sobretudo daqueles ativos com maior liquidez (os possuidores fortes adoram, precisam de liquidez), lá estão eles. Distribuindo ações e contratos no topo do mercado para os possuidores fracos e acumulando, nos fundos de mercado, ativos que os possuidores fracos, desesperados, estão vendendo a qualquer preço.
Como isso acontece, você poderá ver em nosso artigo sobre as fases do Ciclo de Mercado, em que o comportamento dos possuidores fracos e, principalmente, dos possuidores fortes é detalhado tecnicamente.
Comportamento dos possuidores fortes
Os possuidores fortes precisam de liquidez. Claro que eles estão também pensando em comprar barato e vender caro. Mas eles não podem ter essas atuações quando há uma possibilidade para isso.
Eles não compram ou vendem poucos lotes de ações de cada vez, como nós, possuidores fracos, fazemos. Quando compram ações da Vale, por exemplo, os possuidores fortes compram centenas de milhares, talvez milhões de lotes. Se você olhar no book de ofertas, não há tantas ordens de ações assim que deem conta de tanta voracidade.
Colocar uma ordem gigante de compra de ações a qualquer momento provocaria a imediata e indesejada alta de preços de um ativo, algo que os possuidores fortes não desejam de jeito nenhum.
Então, como comprar ativos em um volume tão grande? Quando os possuidores fracos estão espontaneamente vendendo!
O comportamento dos possuidores fracos ajudando os possuidores fortes a ter liquidez
Quando os ativos da bolsa de valores estão em tendência de queda, os possuidores fracos vendem seus papéis de livre e espontânea vontade. Estão com medo. Alguns possuidores fracos estão desesperados para se livrar dos prejuízos.
O que os possuidores fortes fazem é comprar passivamente. É como se eles abrissem a sua barraquinha e ficassem esperando os possuidores fracos chegar e dissessem: “Estou comprando por R$ 25. Eu compro essa porcaria de você por esse preço. E, olha, daqui a pouco o preço vai baixar”. E baixa mesmo. Dali a pouco os possuidores fortes colocam o preço a R$ 24. E vai ter gente querendo vender, agredindo essa oferta de venda.
Os possuidores fortes ficam absorvendo as agressões de venda, comprando passivamente até onde for possível, tentando esgotar seu inesgotável apetite por liquidez.
Inevitavelmente, teremos, em algum momento, um equilíbrio entre oferta e demanda e a volatilidade dos preços vai estagnar. Ainda assim, os possuidores fortes continuarão acumulando os ativos na lateralização que vai se formar.
E, finalmente, quando estiverem saciados, voltarão a comprar, desta vez de forma agressiva, na intenção de fazer os preços darem uma pancada para cima... a partir daí, vendedores são estopados, quem saiu das operações quer voltar e se inicia um novo ciclo de alta. E adivinhe quem começou a vender passivamente? Sim, os investidores fortes.
A principal diferença entre fortes e fracos é o comportamento
Os possuidores fracos e os possuidores fortes têm comportamentos com polaridade invertida.
Enquanto os possuidores fracos estão comprando agressivamente (agredindo as ordens vendedoras, mais acima), são os possuidores fortes que estão vendendo passivamente (absorvendo ordens compradoras). Isso se dá nos movimentos de alta.
Enquanto os possuidores fracos estão vendendo agressivamente (agredindo as ordens compradoras, mais abaixo), são os possuidores fortes que estão comprando passivamente (absorvendo as ordens vendedoras). Isso se dá nos movimentos de queda.
O resultado desta dinâmica é que, no fim, os possuidores fracos irão comprar o topo, ficando preso em operações perdedoras quando a bolsa tiver uma pancada para baixo. E irão vender em fundos, pouco antes de a bolsa tiver uma pancada para cima.
Possuidores fortes atuam principalmente na absorção
Por outro lado, os possuidores fortes sempre irão atuar na absorção. Comprando na queda, acumulando em fundos, e vendendo na alta, distribuindo, logo depois, em topos, para os possuidores fracos.
Eles têm condições de comprar ativos que estão em queda por vários motivos: poder financeiro entre muitos outros. Nós, meros mortais, nem sempre temos condições de comprar ao longo de toda uma queda. Primeiro porque não sabemos até onde a queda vai e, segundo, porque não sabemos se o preço médio que faríamos nesse percurso seria suficiente e se duraria por todo o percurso.
Mas a grande diferença é que os possuidores fortes, dependendo do cenário, eles sim têm condições de fazer uma tendência girar: é o único momento em que eles atuam na agressão de ordens posicionadas no book. Quando querem consumir a oferta ou a demanda, na direção que querem que o preço vá a seguir.
COMO AGEM OS POSSUIDORES FORTES?
Chega a ser absurdo imaginar que possuidores fortes irão comprar ativos em um topo. Geralmente, nos topos, eles estão distribuindo. De jeito nenhum irão vender ativos quando o momento é de queda. Eles não ficam eufóricos e nem entram em pânico: isso é coisa de possuidores fracos.
Eles têm uma base de capital gigantesca, grande competência e leitura apurada da bolsa. A relação entre risco e ganho é sempre muito vantajosa: as eventuais perdas sempre são irrelevantes diante dos potenciais de ganho.
Os possuidores fracos, por sua vez, são principalmente os novos participantes. Mesmo participantes experientes da bolsa de valores podem se enquadrar nesse perfil, eventualmente. Suas decisões, não poucas vezes, são emocionais. Eles têm pouco dinheiro para bancar suas “apostas”, quanto mais para movimentar o preço através do volume. Além de tudo, não dão conta dos prejuízos que sofrem. E quanto mais prejuízo, mais decisões emocionais serão tomadas. Um perigo.
Os piores tipos dentre os possuidores fracos são aqueles que sempre ficam travados, quando compraram em topos e venderam em fundos, e permanecem torcendo para o preço em que entraram naquela situação. Geralmente, eles confiam na influência de notícias sobre a bolsa de valores, como se os investidores fortes confiassem no Jornal Nacional para tomar suas decisões.
Como operam: entenda os ciclos de mercado
Detalhamos os ciclos de mercado em outro artigo, mas aqui os apresentamos brevemente:
• Absorção: o começo do ciclo; aqui os possuidores fortes estão absorvendo as ordens agressivas de venda na queda e as ordens agressivas de compra na alta; o objetivo é acumular o maior número possível de ativos durante a baixa e distribuir o maior número possível na alta. Esse comportamento não só ajuda a alimentar a tendência como também preparar ou desfazer uma posição monstruosa em ativos.
• Acumulação/Distribuição: preparando o bote do ciclo; aqui os possuidores fortes encontram o equilíbrio de mercado ou um preço que consideram justo para negociar. O mercado vai lateralizar enquanto, no topo, os possuidores fortes distribuem ativos para os possuidores fracos e, no fundo, acumulam, comprando barato de distribuidores fracos
• Teste de oferta/Teste de demanda: depois da distribuição e da acumulação, a certa altura, os possuidores fortes saem do mercado. A baixa liquidez que isso gera tornaria fácil para outro participante forte mover o preço numa direção que não é do interesse dos possuidores fortes em atuação. Se isso não acontecer, está na hora do próximo passo.
• Spike: o ataque do ciclo; no topo do mercado, os possuidores fortes voltam a vender, mas agressivamente, provocando uma forte queda. Os compradores são estopados e as novas vendas aumentam a oferta, fazendo com que os preços caiam mais. Isso gera um efeito em cadeia que dá início a uma tendência de queda. No fundo do mercado, os possuidores fortes, nesta fase, voltam a comprar, mas agressivamente, consumindo as ordens vendedoras cada vez mais acima. Isso provoca um pico de preço. Stops dos vendidos são acionados, aumentando a demanda. A demanda maior dá início a uma nova tendência de alta.
• Spike Channel: o último suspiro do ciclo; depois de os possuidores fortes reduzirem sua atuação, o mercado passa a ter um volume de negócios reduzido, mas a inércia provocada pelos possuidores fracos que ainda acreditam na alta provocam um canal de alta, embora com uma “inclinação” inferior ao do spike... é quase que como um eco da etapa anterior. O mesmo se dá depois de um spike de queda
Armadilhas dos grandes players
Muitos praticantes da Velha Análise Técnica acreditam que, uma vez rompido um topo anterior, isso significa a continuidade de uma tendência.
De fato, pode ser.
Mas nem sempre.
Principalmente, tudo isso deve ser observado considerando-se sempre o volume dos ativos negociados.
Principalmente nos testes de demanda e de oferta promovido pelos possuidores fortes, respectivamente no topo e no fundo do mercado.
Por vezes, o último topo será rompido, mas sem o volume dos institucionais (possuidores fortes) a alta não tem continuidade. E nesse rompimento, pode ter certeza de que os possuidores fracos entraram comprados em operações perdedoras e terão seus stops acionados, gerando vendas que alimentarão o movimento de queda que virá a seguir.
Por vezes, o último fundo será rompido. Porém, sem o volume dos possuidores fortes, a queda não tem continuidade. Muitos possuidores fracos irão se livrar de seus ativos comprados nessa hora. Outros irão abrir posições vendidas que terão de ser stopadas quando o preço voltar a subir, gerando mais compras que alimentarão o ciclo de alta que acontecerá a seguir.
COMO SEGUIR O RASTRO DEIXADO PELOS GRANDES PLAYERS (POSSUIDORES FORTES)?
A melhor forma de os possuidores fracos agirem nos mercados, uma vez que não têm os recursos financeiros dos possuidores fortes e tão pouco os recursos tecnológicos e de pessoal que os possuidores fortes têm é seguir de perto a atuação dos investidores institucionais.
E a pista para a atuação dos possuidores fortes é sempre deixada através do volume. Eles tentarão esconder esse volume com toda sorte de truques, mas usando as ferramentas certas e também os conceitos, eles não passam despercebidos.
Nas grandes tendências de queda, é natural que o volume aumente, com tantos possuidores fracos desesperados por vender. Nas tendências de alta, também, com os possuidores fracos querendo comprar. É na queda de volume e algumas características dessas quedas de volume que encontramos os momentos em que o mercado provavelmente vai girar, mudar de tendência. Com força, velocidade: para deixar os possuidores fracos presos em suas posições.
QUAIS FERRAMENTAS PODEM TE AUXILIAR A SEGUIR OS GRANDES INVESTIDORES?
Para encontrar as pistas deixadas pelos possuidores fortes, o Raio X Preditivo faz uso de algumas ferramentas essenciais: os indicadores Sato’s.
• Sato’s Force Histograma: mostra o volume acumulado em cada pernada de alta e de baixa, sendo possível identificar as pernadas em que houve atuação institucional, de possuidores fortes e, assim, saber onde estão as regiões de preço que serão defendidas.
• Sato’s Result: um grande esforço em volume com um baixo deslocamento de preço pode indicar uma contradição; algum grande player está fazendo muita força em uma direção, mas outro possuidor forte está conseguindo absorver esse esforço.
• Sato’s Result: tanto ajuda a ter essa leitura divergente quanto perceber a frequência do mercado, quando ela está subindo ou caindo.
• Sato’s Defense: ajuda a traçar o preço médio dos vendidos e dos comprados a partir de pontos escolhidos do gráfico. Assim, sabemos em tempo real áreas com maior probabilidade de serem defendidas de um lado ou de outro ou que lado já está em vantagem.
• Sato’s Bar: através de um sistema de cores é possível detectar as barras em que houve maior atuação de possuidores fortes, permitindo identificar em tempo real pontos que tem grande probabilidade de serem defendidos ou perdidos para uma tendência contrária.
• Sato’s Market Profile: mostra o volume por nível de preço de um pregão. Assim, fica fácil saber onde estão posicionados os maiores volumes, em que faixa de preço os possuidores fortes estão posicionados e onde vale a pena entrar em operações, sabendo-se que essas posições serão defendidas.
• Sato’s Stop or Move: mostra onde o preço se encontra em um ponto de decisão dos investidores fortes. Combinado com outras ferramentas do Raio X Preditivo serve para encontrar regiões saudáveis de trade com risco mínimo e possibilidade de ganho superior.
COMO O RAIO X PREDITIVO PODE TE AJUDAR
O Raio X Preditivo é uma metodologia que sistematiza a Nova Análise Técnica. Através de ferramentas e conceitos, o trader é capaz de encontrar regiões saudáveis de trade, saindo do rebanho dos possuidores fracos e entrando no comportamento da matilha dos possuidores fortes.
Os conceitos se baseiam todos na interpretação do volume deixado pelos possuidores fortes. As ferramentas, os indicadores Sato’s, servem para dar aplicação prática aos conceitos, diretamente sobre o gráfico, de forma imediata e intuitiva para quem tem a leitura do comportamento do mercado.
O Raio X Preditivo considera que o volume sempre será a causa dos movimentos de preço. Ao passo que o preço é tão somente o efeito. Ora, se nos adiantamos através da leitura das causas, temos mais chance de prever os efeitos. Não obstante, muitos dos cursos que encontramos no mercado brasileiro continuam a fazer uma leitura do preço, como se comportamentos passados fossem obrigatoriamente se repetir no futuro.
Como a maior parte do volume nos mercados é responsabilidade dos possuidores fortes, estimativamente mais de 80%, concluímos que o Raio X Preditivo também é o estudo do comportamento e da atuação dos possuidores fortes, tirando os possuidores fracos de sua posição passiva e de vítima.
CONCLUSÃO
Neste artigo aprendemos que existem os possuidores fortes e os possuidores fracos. Nós, pessoas físicas, não temos condições de competir em pé de igualdade com os possuidores fortes, visto que não temos os mesmos recursos financeiros e tecnológicos que eles.
Porém, podemos abandonar a manada tão logo saibamos da existência dos possuidores fortes e agir mais de acordo com o comportamento institucional, que controla o preço do mercado através do volume.
Podemos ser possuidores fracos. Mas não precisamos agir como se fôssemos. Assim, poderemos tirar o dinheiro do mercado e não o entregar, como faz a maior parte dos possuidores fracos que acabou de entrar na bolsa.