Possuidores fortes e possuidores fracos: depois de ler isto você vai ver porque tanta gente está perdendo dinheiro na bolsa e porque você pode parar de ser um deles
Quer um exemplo prático de quem são os possuidores fortes e os possuidores fracos da bolsa de valores?
Pudemos acompanhar cada um deles desempenhando o seu papel conforme o figurino na nossa última crise na bolsa. Estou me referindo à crise recente desencadeada pelo novo coronavírus.
De um lado, tivemos diversos participantes comprando ativos no topo do mercado. Esses são os possuidores fracos. Adivinha quem estava vendendo ativos pra eles, direta ou indiretamente? Os possuidores fortes. E certamente já vinham fazendo isso semanas, talvez meses, antes da crise propriamente estourar.
E quando a crise estourou de fato?
Isso mesmo. Os possuidores fracos passaram a vender. E a vender a preços cada vez menores, desesperados, com medo de perder cada vez mais dinheiro, não se importando em levar enormes prejuízos de 30%, 40%, 50% e até mais que isso. Eles só queriam se livrar das ações e outros ativos que compraram lá em cima.
E adivinhe quem estava “fazendo o favor” de comprar esses papéis que ninguém mais queria? Os possuidores fortes.
Claro, possuidores fortes são aqueles participantes com grande poder financeiro, os big players. Porém, não é o fato de você ter pouco poder financeiro que obriga você a se comportar como um possuidor fraco.
Este é um dos objetivos do Raio X Preditivo, entender o comportamento dos possuidores fortes para, assim, termos uma atuação mais parecida com a deles.
QUEM SÃO OS POSSUIDORES FORTES E FRACOS DO MERCADO?
Já deu pra entender que não temos como sermos possuidores fortes no sentido estrito do termo. São participantes do mercado com muita bala na agulha. Muita grana.
Eles podem ser fundos de investimento, bancos e outras entidades financeiras.
Mas se estivermos falando dos verdadeiros comandantes do mercado, vamos falar de participantes ainda maiores que chamaremos a partir de agora de investidores institucionais.
Em 2010, um grupo de pesquisadores suíços fez um estudo e descobriu que apenas 43.060 companhias são de fato representativas de todo capital mundial. São as companhias transnacionais, com atividades em mais de um ponto do globo.
• Caso tenha interesse, o artigo científico está completo aqui: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0025995
• E aqui está a palestra em que um dos autores mastiga toda essa teoria para o público leigo: https://www.ted.com/talks/james_b_glattfelder_who_controls_the_world/transcript
Resumindo.
O “capital mundial” equivaleria a 170 trilhões de dólares (estimativas).
Vamos imaginar que também há o crédito e bens já existentes.
É muito dinheiro.
Mas nós temos essas 43 mil empresas com esses quase 200 trilhões de dólares nas mãos.
Mas a concentração não acaba aí.
Os big players institucionais que eu quero apresentar pra você são 174 empresas controlam direta ou indiretamente quase metade das primeiras 43 mil (40% delas em 2010... hoje a concentração pode estar ainda maior).
São umas 100 empresas com uns US$ 100 trilhões nas mãos.
Metade delas, umas 50 têm uma intensa presença nos mercados de capitais.
São empresas com poder financeiro tão forte que deixam qualquer fundo de ações de grande porte do Brasil (talvez o nome de alguns tenha aparecido aí na sua cabeça) no papel de “possuidor fraco”. Sério? Aquele fundo de ações gigantesco e famoso é um possuidor fraco? Pode ser. Tudo é uma questão de com quem nós vamos compará-lo.
Os problemas de quem tem muito dinheiro
Mas todo o mundo tem problemas. Até mesmo esses possuidores fortes, esses investidores institucionais. Tudo bem... tá aí um problema que eu gostaria de ter. Mas, ainda assim, é um problema.
No caso, eles têm dificuldade de montar suas posições.
Comprar mil ações da Vale ou da Petrobras é uma coisa. Se você posicionar uma ordem agora mesmo, é provável que em um segundo ou dois, ela seja executada. E sem grande influência sobre o preço. Provável que se a ação estiver custando R$ 20, sua ordem de compra de mil ações não vai fazer o preço subir: há liquidez para uma ordem dessas a mercado.
Agora, comprar 2 milhões de ações é outra coisa.
Se um big player posicionar uma ordem de 2 milhões de ações, é provável que ele comece comprando a R$ 20 e termine de executar sua ordem a R$ 40. Não é bom negócio.
Então, os big players precisam de liquidez. Eles precisam comprar quando todo o mundo estiver querendo vender desesperadamente. Como numa crise como a que acabamos de ver, em que há uma boa desculpa para os preços caírem. Desse modo, eles conseguem montar posições enormes sem mexer no valor... pelo contrário, é bem provável que o preço inclusive continue caindo. Eles aproveitam o momento de queda para comprar, comprar, comprar... cada vez mais barato.
Possuidores fortes ou dinheiro esperto: poucos players distribuindo ou acumulando
Então, assim, chegamos à conclusão de que os possuidores fortes vão se comportar acumulando ou distribuindo.
• Quando houver uma demanda natural de muitos participantes fracos querendo comprar, os possuidores fortes vão distribuir os ativos que acumularam a preços baixos. Nos momentos de euforia, por exemplo. Nos momentos em que todos começam a falar de bolsa de valores
• Quando houver uma oferta natural de muitos participantes fracos querendo vender, os possuidores fortes vão acumular. Vão “fazer o favor” de comprar os ativos com quem ninguém mais quer ficar, pois os possuidores fracos estão apavorados, com medo, em pânico. Por exemplo, nos momentos como a última crise, desencadeada pelo novo coronavírus
Assim, os possuidores fortes conseguem montar posições compradas sem grande esforço, lentamente, mas de forma eficiente.
Nos momentos de crise forte, essas posições são montadas de forma mais rápida: basta ver os volumes de negócios que aconteceram nos dias de maior queda, por exemplo. Muita, mas muita gente querendo vender. E eles só comprando, bem de boa.
Suas compras e suas vendas, geralmente, são passivas. Predominantemente. Exceção dos momentos em que desejam de propósito provocar o “estouro da boiada”. Aí eles agridem, comprando, para provocar uma alta. Ou vendendo, para provocar uma queda.
Possuidores fracos ou cordeiros ou rebanho do mercado adquirindo ou vendendo para os fortes
Os possuidores fracos, no entanto, são diferentes.
São praticamente ao contrário. Compram sempre agressivamente no sentido do movimento. Vendem também sempre agressivamente quando os preços estão caindo. Pode dar certo em alguns momentos, mas em geral os possuidores fracos não se dão bem com essa estratégia.
Eles compram nos momentos de otimismo e vendem nos momentos de pessimismo.
Isso faz com que, em geral, comprem ativos no topo (como quem comprou ações quando a bolsa estava a 120 mil pontos) e vendam fundo (como quem vendeu as suas ações entre 18 e 30 de março de 2020).
COMO AGEM OS POSSUIDOES FORTES?
O comportamento dos possuidores fortes acaba gerando de maneira mais ou menos previsível o que chamamos de ciclo de mercado, que tem fases bem distintas.
1. Absorção (na queda ou na alta)
3. Teste de oferta (depois da queda) ou teste de demanda (depois da alta) ou ainda armadilhas de topo e de fundo
4. Spike
5. Spike channel
Vamos explicar a seguir como esse ciclo funciona, mas recomendo que, caso fique interessado, dê uma olhada no nosso artigo sobre as fases dos ciclos de mercado, em que cada um deles é explicado de forma pormenorizada.
Como operam os possuidores fortes nos ciclos do mercado
Vamos explicar aqui um ciclo de mercado que se inicia com uma tendência de baixa. Para entender um ciclo que se inicia com uma alta, basta inverter os raciocínios.
1. Absorção: o mercado está pessimista, todos falam mal da bolsa, quem comprou no topo quer vender os seus ativos. Esses vendedores agridem as ordens limitadas de compra cada vez mais para baixo. As ordens limitadas são posicionadas pelos possuidores fortes cada vez mais abaixo e enquanto houver gente querendo vender, eles compram. Na fase de absorção, o volume de negócios é alto.
2. Acumulação: em algum momento, os possuidores fracos ou acabaram com seus estoques de ações ou não tem mais condições de abrir novas posições vendidas. A oferta está se esgotando. Nesse momento o mercado se equilibra. E passa a “andar de lado”. O mercado oscila numa faixa estreita de preço, formando um range, um retângulo mais ou menos longo. Porém, os possuidores fortes continuam a acumular, comprando ativos, mas, agora, mais discretamente. O volume diminui, mas como muitos negócios são feitos nesse range, podemos dizer que as “fichas” estão, aos poucos, se empilhando.
3. Testes de oferta e/ou armadilhas de fundo: os possuidores fortes sairão do mercado e permitirão que o preço se comporte “livremente”. Possivelmente o range, a lateralização, será rompida. Porém, o volume será baixo, pois não há participação institucional. O rompimento, porém, chama mais posições vendidas e abre a oportunidade de novas comprar a preços ainda mais baixos para os possuidores fortes. Porém, como a participação institucional não é relevante, o preço volta para o range sozinho ou com ajuda do próprio institucional. O teste de oferta também é uma forma de os possuidores fortes verificarem se entrará um outro participante interessado na continuidade da queda, pois um mercado com baixa liquidez é fácil de manipular em qualquer direção. Se esse participante não entrar, está na hora do próximo passo. O mercado está maduro.
4. Spike: os possuidores fortes agora voltam a agir, mas desta vez não passivamente, mas agredindo preços progressivamente mais altos. Isso faz com que os preços dos ativos subam. A oferta é “consumida” a preços cada vez maiores. Como o preço subiu, quem fez operações vendidas mais abaixo, precisa encerrar essas operações. Operações vendidas se encerram com compras. Isso aumenta a demanda. Com a demanda maior o preço começa a se mover para cima sem que os possuidores fortes precisem “fazer força”. Agora eles passarão a vender de forma passiva, dando início a um novo ciclo, mas com o sinal trocado. Agora a absorção é na alta. Os possuidores fortes passam a vender, absorvendo as ordens agressivas de compra. Em algum momento desse processo esses participantes podem se retirar do mercado para ver com que força o mercado volta a patamares mais baixos, fazendo um novo teste de oferta. É desse comportamento que surgem os chamados “pull-backs”.
5. Spike channel: depois de um tempo em spike, em que o movimento do preço é bastante forte, há um movimento residual, menos acentuado, de alta, como se o preço estivesse “no embalo”. Nesse momento, os possuidores fortes ainda estão vendendo os ativos que compraram baratinho lá embaixo, mas já se preparam para entrar em uma nova lateralização em que continuarão distribuindo ativos aos possuidores fracos.
ARMADILHAS DOS GRANDES PLAYERS
As armadilhas de fundo e as armadilhas de topo tem duas finalidades principais. Geralmente, elas acontecem depois de um topo ou durante uma lateralização (acumulação ou distribuição), quando os participantes fortes se retiram do mercado, tirando a liquidez de campo.
• Quando o mercado está sem liquidez (fenômeno que acontece quando os participantes fortes se retiram) é fácil de manipular o preço. Se houver outro participante forte no “tabuleiro”, basta que ele agrida na direção que deseja e o preço irá para lá. Saindo do mercado, os big players até então participativos, verificam se há outro participante de grande porte interessado em ir contra a sua posição, o que poderia gerar um esforço em vão. Por outro lado, outro participante pode provocar um spike na direção desejada reduzindo ainda mais os seus esforços em “provocar o estouro da boiada”.
• Geralmente, aprende-se na velha análise técnica que um rompimento de topo anterior ou que o rompimento de uma lateralização suscita operações na direção do rompimento. Rompeu pra baixo? Venda. Rompeu pra cima? Compra. Isso suga mais dinheiro para dentro do mercado. Os participantes fortes têm chance de “raspar o tacho” e distribuiu ou acumular mais ativos, conforme o caso. Podem permitir que isso aconteça tantas vezes quanto acharem necessário ou até se sentirem seguros o suficiente para provocar um spike.
COMO SEGUIR OS GRANDES PLAYERS (POSSUIDORES FORTES)?
Os possuidores fortes são facilmente observáveis através do volume de negócios.
Estima-se que 80% dos negócios das bolsas mundiais, diariamente, sejam de responsabilidade deles.
Logo, o segredo para determinar o comportamento dos participantes fortes é observar o volume.
Mas adiantamos que um indicador de volume comum pode não ser suficiente, salvo alguns casos mais evidentes.
A participação dos possuidores fortes é justamente escondida para evitar oscilações indesejadas nos preços através do aumento da demanda e da oferta.
QUAIS FERRAMENTAS PODEM TE AUXILIAR A SEGUIR OS GRANDES INVESTIDORES?
No Raio X Preditivo, combinamos diversas ferramentas cujo principal objetivo é observar o comportamento do volume.
Indicadores Sato
O nome dessas ferramentas é indicadores Sato’s. Eis algumas das já lançadas (outras estão por vir):
• Sato’s Force Histograma: apresenta o volume acumulado por pernada de alta ou de baixa (o tamanho da pernada em ticks é determinado pelo trader ou investidor). Volumes crescentes indicam força do movimento de alta ou de baixa. Volumes decrescentes mostram que o fluxo está diminuindo naquele sentido
• Sato’s Bar: mostra a atividade institucional por barra (candle). Através de um sistema de cores que vai do azul ao vermelho, sabemos se há atividade institucional baixíssima ou ultra elevada
• Sato’s Defense: nos dá o preço médio ponderado pelo volume a partir de certo ponto do gráfico de um ativo. Sabendo o preço médio dos grandes players sabemos os pontos mais prováveis em que defenderão suas posições. Portanto, a linha formada por esse indicador é um verdadeiro suporte ou resistência móvel
• Sato’s Result: se há um grande volume, espera-se um grande resultado em termos de movimento de preço. O Sato’s Result nos traz uma visualização imediata desse resultado. Se o o resultado é baixo para um volume alto podemos concluir que o preço está com dificuldade para andar.
• Sato’s Market Profile: acumula o volume por faixa de preço e, dessa forma, sabemos onde estão “empilhadas” as fichas em determinado pregão. Essa região que abrange 70% dos negócios de um dia, é estratégica na hora de fazer trades
• Sato’s Stop or Move: une os conceitos de Fibonacci e ondas de Elliot de uma forma intuitiva e descomplicada, que ajuda a identificar os prováveis pontos estratégicos de compra e venda dos possuidores fortes
CONHEÇA O RAIO X PREDITIVO
O Raio X Preditivo é uma metodologia que acompanha a atuação dos big players do mercado, os investidores institucionais através da análise e interpretação do volume de negócios.
Para o Raio X Preditivo, o volume é a causa e o movimento de preços é o efeito.
Apesar disso, boa parte das metodologias presentes no mercado de cursos sobre bolsa de valores se limita a analisar o preço.
No entanto, acreditamos que, interpretando a causa (volume), conseguimos nos antecipar aos efeitos (preço) com mais acertos.
Dessa forma, o Raio X Preditivo consegue localizar as regiões que os grandes players consideram importantes e de onde os movimentos de preço mais efetivos deverão partir.
Assim, essa metodologia encontra pontos de trade de alta probabilidade, em que o risco é menor (menor chance de perder uma operação e, se perder, com prejuízo mínimo) e a chance de ganho é maior (maior chance de lucrar e, se lucrar, com lucro superior).
CONCLUSÃO
Como vimos, os possuidores fortes, os realmente fortes, estão muito além de nossa imaginação.
Afinal, é bem provável que nenhum de nós venha a saber o que é preciso fazer para operar R$ 1 bilhão.
Porém, isso não quer dizer que precisemos nos comportar como possuidores fracos, imitando o comportamento de rebanho.
O objetivo do Raio X Preditivo é, através do volume, deixar você mais ciente do comportamento dos possuidores fortes e, assim, conseguir emular de forma mais eficiente o que eles estão fazendo, ficando do lado vencedor do mercado.