Reacumulação: quando os big players querem comprar mais

Descubra a reacumulação, uma fase dos ciclos de mercado em que os big players continuam a encher o carrinho

Reacumulação é uma fase que pode ser incluída como uma das dos ciclos de mercado. As fases dos ciclos de mercado, detalhadas pelo Raio X Preditivo – sistematização da Nova Análise Técnica, são as seguintes:

1. Absorção: o começo dos ciclos de mercado

2. Acumulação/Distribuição: preparando o bote dos  ciclos de mercado

3. Teste de oferta/Teste de demanda

4. Spike: o ataque dos ciclos de mercado

5. Spike Channel: o último suspiro dos ciclos de mercado

Note que as fases 2 e 3 podem ter nomes diferentes.

Acumulação e Teste de Oferta, que vêm depois de uma absorção na queda. Ou Distribuição e Teste de Demanda, que vêm depois de uma Absorção ocorrida em uma fase de alta.

Como vamos falar de Reacumulação, teremos que imaginar que se trata de uma fase que teve seu “start”, no contexto desse ciclo, depois de uma absorção ocorrida em uma queda.

Basicamente, durante a queda, absorveram o pânico dos participantes mais fracos, comprando passivamente os ativos, cada vez mais baratos. Depois os preços param de cair e lateralizam, caracterizando a acumulação. Será feito um ou mais testes de ofertas, para verificar se as vendas ainda têm força para derrubar ainda mais os preços e, então ocorrerá um spike, um deslocamento forte do preço, nesse caso para cima, provocado pelo próprio investidor institucional que continua a comprar, mas, agora, agressivamente, agindo sobre as ofertas de venda cada vez mais caras.

Eventualmente, teremos um interesse desses participantes fortes em adquirir ainda mais ativos. Então os preços voltam a lateralizar e os institucionais aproveitam para comprar mais papéis de uma forma mais lenta e a preços mais estáveis. Se houver um novo spike para o alto, podemos concluir então que essa nova lateralização, somada à que ocorreu no fundo, é uma reacumulação.

Resumindo: mesmo depois de uma alta após o fundo anterior, o mesmo big player ou outro big player decide que esse novo nível de preço ainda vale a pena para se comprar mais ativos e veremos, a exemplo da acumulação anterior, a cotação oscilar em faixa estreita durante um tempo relativamente longo: uma lateralização, um range

Reacumulação pode ser confundida com uma distribuição. Alguém pode concluir que uma lateralização após uma alta significa que os big players estão distribuindo os ativos que valorizaram depois da primeira acumulação no fundo. A diferença entre as duas só pode ser dada pela leitura de contexto, do volume de negócios e, finalmente, pelo resultado de uma alta posterior à lateralização.


O QUE É A FASE DE REACUMULAÇÃO?

Como vimos na introdução, a reacumulação funciona de maneira similar à acumulação. É uma segunda acumulação que ocorre depois de um spike de alta anterior.

O preço já subiu consideravelmente e entra em uma nova fase de equilíbrio entre oferta e demanda, mas um ou mais big players passam a se dedicar a adquirir ainda mais ativos. Eles ainda consideram o preço vantajoso, pois ainda se acham capazes de, depois da reacumulação, desencadear uma nova alta.

Na reacumulação veremos que o mercado entra em um tipo de equilíbrio – ofertas não estão mais fortes que a demanda nem o contrário. Por isso, ocorre a lateralização característica da reacumulação.

Tanto na acumulação quanto na reacumulação, a intenção é minar a oferta (participantes dispostos a vender) aos poucos. Quando isso acontecer o mercado está “maduro” para um spike de alta.

Antes do spike, no entanto, é possível que os big players se retirem do mercado, permitindo que a oferta vença de propósito. Isso é o teste de demanda e pode acontecer tanto na acumulação quanto na reacumulação.

A ideia aqui é ver se há interesses na venda com força suficiente para fazer o preço do ativo ou do mercado como um todo cair com força. Se depois dessa retirada estratégica o preço não cair, aí sim, o mercado está maduro e está na hora do spike: ele é provocado pela compra agressiva a patamares de preços cada vez mais altos.


COMO IDENTIFICAR UMA FASE DE REACUMULAÇÃO

Não se identifica a Reacumulação isoladamente. Toda fase do mercado está dentro de um contexto. E esse contexto é o ciclo de mercado.

Para entender a Reacumulação, preciso explicar o ciclo como um todo. Mas, aqui, farei isso rapidamente. Para entender o ciclo em detalhes recomendo nosso artigo dedicado especialmente a esse importante conhecimento.

Na fase inicial, Absorção, observamos um movimento de queda. Parece não fazer muito sentido, mas nessa hora, os big players estão comprando. Isso mesmo, operando contra a tendência. Mas a verdade é que estão aproveitando a oferta espontânea gerada pelo pânico para adquirir bons ativos a preços cada vez mais baixos. São compras passivas por parte do big player.

Usando as ferramentas do Raio X Preditivo, particularmente o Sato’s Force Histograma, vemos um volume acentuado nas pernadas de baixa do gráfico. Alto volume sempre denuncia atividade institucional.

Desespero extremo

O final dessa queda que acabamos de descrever é marcado pelo Desespero Extremo.

É como se o mercado entrasse em convulsão simultânea. Os que ainda acreditavam em uma recuperação e continuavam comprados “jogam a toalha” e vendem seus ativos de uma vez só. Outros traders – de vários calibres –, por outro lado, se empolgam com a queda e abrem posições vendidas.

O volume é altíssimo. Isso pode ser testemunhado no Sato’s Force Histograma e, principalmente, no Sato’s Bar, que nos apresenta diversas barras vermelhas (que significam participação institucional ultraelevada; a diferença é que os institucionais estão comprando).

Acumulação

Os traders e investidores que “jogaram a toalha” aí, têm uma surpresa... o mercado simplesmente para de cair. Como assim? Justo agora que eles pensavam que ia cair ainda mais e eles desistiram para parar de levar prejuízo?

Com um arrefecimento da oferta (vendas), o mercado, de fato se equilibra e entra em um range, uma lateralização. É a acumulação. Não se engane, os big players continuam comprando, mas agora de uma forma mais discreta. A intenção é impedir a continuidade da queda (pois eles já estão com uma quantidade razoável de ativos) e segurar a alta que só pode ocorrer quando eles tiverem acumulado ativos suficientes.

Vai se formar o que a antiga análise técnica chama de retângulo ou, em nossa terminologia, um range. O preço ficará batendo e voltando nos limites desse range por um tempo considerável, enquanto os players fortes aproveitam para comprar ainda mais ativos.

Finalmente, o big player realizará um teste de oferta. Ele vai parar de negociar e, com isso, boa parte da liquidez do mercado some.

Sem liquidez, ficaria fácil para uma outra parte interessada agredir, vendendo para as ofertas de compra cada vez mais inferiores e jogar o mercado ainda mais pra baixo. De fato, é um teste. O que o big player que acumulou até agora quer saber é: será que tem algum outro participante forte interessado na queda?

Mas, se o mercado não cair, isso significa que ele “amadureceu”. Nenhum outro participante vai se opor ao spike que o institucional em atuação irá provocar.

Entenda a importância do Teste de Oferta: imagine o desperdício de energia (volume) se o big player em atuação dá início ao spike (entrando forte na compra agredindo as ofertas de venda cada vez mais acima) e, nesse momento, um outro big player entra vendendo forte e provocando a queda dos preços: no mínimo vai atrapalhar a intensidade do movimento desejado.

Se, depois do spike (uma alta considerável dos preços), tivermos uma nova lateralização é possível que estejamos em uma reacumulação. Mesmo depois da alta os big players – talvez o mesmo ou talvez outros – consideram que o preço ainda está vantajoso para continuar as compras. Se o preço cair, porém, a nova lateralização terá sido uma distribuição.

Mas neste artigo vamos imaginar que a nova lateralização (range) foi seguida de uma nova alta. E, portanto, se trata de uma reacumulação


QUAIS SÃO OS OBJETIVOS DA REACUMULAÇÃO

As grandes empresas de investimento – que também chamamos de big players, smart money ou investidores institucionais – têm problemas bem diferentes dos nossos. O problema deles não é falta de dinheiro ou tentar “adivinhar” se os preços vão cair ou vão subir.

Dinheiro eles têm de sobra. E isso faz parte do problema. O problema é que, quando eles precisam comprar ativos, precisam comprar mais ativos do que o mercado tem para oferecer a preços vantajosos. Se eles não utilizarem de estratégias especiais, terão que comprar a preços que não são nada interessantes. Afinal, aumento de demanda provoca aumento de preço. A luta deles, portanto, é por liquidez.

Por isso, adotam comportamentos que, para nós, meros mortais parecem contra intuitivos. Por exemplo, comprar em grande volume quando o preço de uma ação está em queda. Pra eles é vantajoso: o desespero faz os demais participantes vender espontaneamente. Num cenário de queda e pessimismo, eles só ficam esperando, de boca aberta, com ordens passivas de compra cada vez mais abaixo.

Uma vez tendo adquirido suficientes ativos, precisam saber se, agora, terão força suficiente para provocar um movimento a seu favor. Isso sem falar na possibilidade da entrada de um adversário igualmente forte atuando no sentido contrário.

Considerando tudo isso, podemos entender que, na reacumulação, os grandes players encontraram um novo ponto em que AINDA é vantajoso segurar o mercado, equilibrar oferta e demanda, e continuar comprando um pouco mais de ativos. E, a seguir, dar um novo spike, fazendo o mercado subir novamente, quando todos esperavam uma queda.


ENTENDA O QUE É UMA ARMADILHA DE FUNDO

Para entender a Armadilha de Fundo, precisamos entrar na mente de um praticante das metodologias antigas de Análise Técnica. Para esses, quando um range (uma lateralização) é rompida para baixo, é o momento de fazer uma venda.

Se você está comprado, você se livra de seus ativos.

Se você não está comprado, abre uma posição vendida, para tentar lucrar com uma posição comprada.

Porém, pode ser que, neste momento, os big players tenham se retirado do mercado e esse rompimento acontece facilmente com um leve desequilíbrio entre oferta e demanda, com vantagem para a oferta. Com participantes fracos, isso é fácil de ocorrer.

Acontece que as novas vendas – de ativos ou a descoberto -, dá ainda mais liquidez. O big player volta a agir na compra com força suficiente para fazer o preço retornar ao range e ainda acumular mais ativos. Quem abriu posições vendidas, é stopado (suas operações são encerradas). E fica sem entender nada porque aprendeu em seu curso de análise técnica que rompimentos são sinais para o início da operação.

Se estivessem acompanhando o volume de ativos negociados, veriam que esse rompimento foi com baixo volume. Ou seja, pouco significativo e sem força para uma continuidade da queda. Facilmente o big player faz o preço retornar à área de interesse. E mais: nessa hora o big player já tem um indício de que tem condições de levar o mercado pra cima. Quem continuar vendido, vai levar um susto de perder o rumo de casa.


TESTE DE OFERTA: COMO OCORRE?

O teste de oferta pode ocorrer tanto durante a reacumulação – numa armadilha de fundo, por exemplo – como depois de seu rompimento num spike de alta, em que o preço volta para o range, caindo lentamente, sem força e sem volume.

No primeiro caso é uma forma de chamar mais vendas e a oportunidade para o investidor institucional comprar mais.

No segundo caso, o investidor institucional também se retira, parcial ou completamente, para verificar se uma alta de maior monta é realmente viável, para ver se não há um participante forte interessado na queda.


COMO GANHAR COM A FASE DE REACUMULAÇÃO

Se realmente se trata de uma reacumulação, obviamente o “filé mignon” dos ganhos está no spike de alta que ocorrerá ao final dessa reacumulação.

Para conseguir ter essa preditividade, precisamos ficar de olho no volume de negócios, pois ele nos dá muitas pistas do que pode acontecer a seguir.

• Houve rompimentos para baixo do range (lateralização), mas sem volume? O preço voltou para o Range?

• Nas pernadas de alta, o volume cai ou desce?

• O rompimento do range para o alto teve alto volume? Alto volume pode indicar as agressões do grande player

Depois do spike, das compras agressivas do big player, o efeito é o seguinte: quem estava vendido precisa encerrar suas operações; para encerrar as operações de venda é necessária uma compra. Mais compras, então, temos um aumento da demanda, que passa a fazer com que o preço suba. A partir daí vira um efeito em cadeia e o big player passa a vender, “desovando” as ativos que comprou mais abaixo.

Portanto, para lucrar numa acumulação e numa reacumulação precisamos agir como age o investidor institucional. Para tanto, precisamos saber como ele está atuando. E, para conseguir isso, precisamos observar o volume e o fluxo desse volume.


CONHEÇA O RAIO X PREDITIVO

O Raio X Preditivo é a metodologia ideal para entender e identificar a acumulação e a reacumulação e as outras fases do ciclo de mercado, maximizando as possibilidades de ganho dos traders.

Para o Raio X Preditivo, o preço, em si, é uma informação secundária. Essa metodologia dá ênfase ao estudo do volume de ativos negociados, pois considera o volume como a causa dos movimentos de preço. O preço é tão somente o efeito.

Para colocar essa ideia em prática, o Raio X Preditivo se vale de:

• Conceitos: fases dos ciclos de mercado, PPIV, ranges, pontos de controle, esforço versus resultado e muitos outros

• Ferramentas: são os indicadores Sato’s, responsáveis pela leitura adequada do volume que, por sua vez, será interpretado a partir dos conceitos

Como, estimativamente, mais de 80% dos ativos negociados na bolsa de valores são de responsabilidade dos investidores institucionais, também podemos dizer que o Raio X Preditivo é o estudo da atuação desses participantes fortes.

Dessa maneira, o trader de varejo ou mesmo o investidor de varejo, pode se colocar lado a lado com a parcela do mercado com mais possibilidade de sair vencedora e aumentar suas chances de lucro na bolsa de valores.

CONCLUSÃO

A Reacumulação é uma fase que pode surgir depois da acumulação de ativos por parte de investidores institucionais, constituindo uma nova acumulação. Não há como compreendê-la de forma isolada. Ela está inserida nos Ciclos de Mercado como uma fase intermediária, que pode acontecer ou não, podendo até mesmo ser confundida como uma distribuição: só uma correta interpretação do contexto, através do volume, pode nos dar a maior chance de a usarmos a nosso favor (fazendo uma compra antes ou durante um spike de alta, por exemplo).

Mais uma vez, o Raio X Preditivo nos mostra que é preciso observar o amplo contexto de um ativo para tomar uma decisão e conhecer o comportamento das engrenagens que movem o o mercado. Não é a simples observação de um, dois ou mesmo três indicadores que vai nos dar o momento mágico de entrar em uma operação. O trader maduro aprende de fato a ler o mercado e o Raio X Preditivo tem as ferramentas para isso.


Escrito por Luiz Sato

Segundo Sato sua missão é transmitir conhecimento avançado aos traders brasileiros para aplicarem as metodologias e as ferramentas disponibilizadas ao seus alunos aumentando as probabilidades de ganhos nos mercados que são altamente competitivos e dominados principalmente pelos HFT´s (Robôs de alta frequência).

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Comentários

Douglas Rodrigues Farias20/10/2020

Parabéns pelo artigo! Muito tem se falado sobre a profissão de assessor de investimentos, até estão dizendo que é uma das profissões que mais dará oportunidades nesta década em nosso país. Sato poderia fazer um artigo sobre a profissão de assessor de investimentos e suas oportunidades de empreender no mercado de investimentos.