Alavancagem em ações: o que é, como fazer

Entenda o que é a alavancagem em ações e como usar esse recurso da forma correta

Alavancagem em ações se trata de operar na compra ou na venda de ações em posições maiores do que, em tese, nos permitiria o nosso capital. Em linguagem simples, você compra mais ações do que seu dinheiro permite. Ou vende, no caso de operações de venda a descoberto. Mas por que alguém faria isso? E como?

Alavancagem em ações em linguagem mais simples ainda é operar com “dinheiro” emprestado, “dinheiro” que a própria corretora empresta pra você desde que você dê garantias. E que garantias são essas? É muito complicado isso?

Essas perguntas serão respondidas neste artigo.


O QUE É ALAVANCAGEM

Sempre que você ouvir o termo “alavancagem” no ambiente de economia, finanças ou negócios, estaremos falando, em uma linguagem simples, de empréstimo.

A alavancagem serve para que, através desse empréstimo, ganhemos mais do que efetivamente temos.

Por exemplo, um empresário vê uma oportunidade de um negócio lucrativo. Mas, no momento, todo o seu capital está comprometido com suas outras empresas.

Porém, o potencial de lucro é grande e o risco, se tudo for feito corretamente, é mínimo.

O que ele faz?

Toma dinheiro emprestado. Pode tomar um empréstimo de suas outras empresas ou mesmo de um banco.

Ele inaugura sua nova empresa e, com o lucro, que virá depois de um tempo mais ou menos longo, paga esse empréstimo e ainda tem uma sobra desse lucro que servirá para dar continuidade ao novo negócio.

Na prática, é como se essa nova empresa tivesse dado lucro a partir de um capital igual a zero. Ela surgiu do nada, a partir de capital emprestado, que ele pegou de suas outras empresas ou que o banco aceitou ceder emprestado ao ver que essas outras empresas serviam como garantia de que o dinheiro seria devolvido com juros, tivesse ele sucesso ou não.

Então, a partir de um dinheiro muito pequeno, a nova companhia deu um lucro desproporcionalmente grande. Isto é, se tudo deu certo.


ALAVANCAGEM EM AÇÕES

O conceito de alavancagem em ações é praticamente a mesma coisa.

Você não tem dinheiro para comprar um certo número de ações em que vê uma oportunidade de alta.

Mas tem uma certa quantidade de dinheiro ou de investimentos dentro da corretora que serve como garantia de que poderá pagar seu prejuízo, caso as coisas não vão tão bem como você imaginava. Esse dinheiro, que não corresponde à totalidade do preço que pagará pelas ações, é suficiente para que a corretora aceite que você as compre. Porém, durante a operação, se houver prejuízo, esse prejuízo não pode ser superior às garantias que você tem em conta.

Aí é que as coisas começam a complicar.


COMO FUNCIONA A ALAVANCAGEM EM AÇÕES NA PRÁTICA?

Como este é um artigo introdutório, vou usar uma linguagem bem simples, números redondos e o mínimo de complicação possível.

No final, espero que você entenda o básico do que é a alavancagem em ações na prática.

Primeiro temos de falar em garantias, aquilo que na corretora será chamado de margem de garantia. Cada ativo, cada corretora, cada momento do mercado terá um cálculo de margem diferente. O fato é que a margem sempre será uma fração equivalente a muito menos do que os ativos que você vai negociar valem.

Vamos supor que você quer comprar 1000 ações que valem R$ 10 cada uma. Logo, precisaria de R$ 10 mil.

Mas em sua conta você só tem R$ 200 e mais R$ 800 investidos em ouro, títulos públicos e outras aplicações que podem ser usadas como margem. Um total de R$ 1000.

Nessa ocasião, a margem de garantia permite que você opere com R$ 10 mil tendo R$ 1000. Isso equivale a uma alavancagem de 10 vezes ou 10 para um. Parece bastante coisa, mas existem operações que permitem alavancagens muito maiores.

Muito bem, você comprou as mil ações. No dia seguinte, elas fecham não mais cotadas a R$ 10, mas a R$ 9,98, uma queda de 0,2%.

Diariamente, a corretora faz um balanço de suas posições alavancadas e, assim, sua margem, neste exemplo, sofrerá uma perda de R$ 20 (1.000 ações vezes R$ 0,02).

Você estava com R$ 1000 e, no momento pelo menos, você está agora com R$ 980. Suas perdas, nesse momento, estão em 2%, portanto.

Isso mesmo. O ativo variou 0,2% e o seu capital variou 2%, dez vezes mais, percentualmente. Esse é o efeito da alavancagem.

Mas você não precisa realizar seu prejuízo ainda.

Com muita calma, você decide que suporta a perda se o preço cair mais um pouco. Sua expectativa é de que o preço da ação que comprou suba.

No dia seguinte, ela cai para R$ 9,90 ou 1% a partir de seu preço de compra. E sua margem cai para R$ 900. Suas perdas estão em 10% agora. Uma perda de 10% deveria ser suficiente para abandonar a operação faz tempo, mas você insiste.

Mas desta vez, somente desta vez, você teve mais sorte que juízo. A empresa anunciou uma grande fusão de sucesso ou o lançamento de um produto incrível e suas ações foram para R$ 15, de um dia para o outro.

As ações que você comprou com alavancagem por R$ 10.000 agora valem R$ 15.000. Elas se valorizaram incríveis e inimagináveis 50%.

E, neste instante, você vende os ativos com um lucro de R$ 5000. Você começou com R$ 1000 e agora está com R$ 6000. Seu lucro foi de 500%, pois estava alavancado.

Esse é o efeito da alavancagem.

Quando dá certo. Na maioria das vezes, se você se alavancar da forma errada (leia-se excessivamente) e sem um plano de saída caso comece a entrar no prejuízo (stop de proteção), as coisas não costumam ir tão bem.

A alavancagem em ações deve ser usada com sabedoria, cuidado e estratégia.


PERIGOS DA ALAVANCAGEM EM AÇÕES

Como vimos, a alavancagem em ações pode multiplicar o potencial de lucro de seu dinheiro, mas também multiplica o potencial de prejuízo, caso ele ocorra.

E, não se engane, em se tratando de mercado, por melhor que seja a nossa análise de ativos, erraremos vezes suficientes para perdermos bastante dinheiro caso nos alavanquemos da forma errada, mais do que às vezes em que acertamos pode nos reerguer.

Portanto, ao usar a alavancagem, devemos sempre visar oportunidades em que, se perdermos, perderemos pouco e, se acertarmos, ganharemos muito.

Como curiosidade, compartilho esta tabela que diz quanto, no caso de uma certa porcentagem de perda, você precisa em porcentagem de ganho para se recuperar.

• Se você tinha R$ 100 e perdeu R$ 1. Sua perda foi de 1%. Mas de R$ 99 para R$ 100, o ganho precisa ser de 1,01%

• Se você tinha R$ 100 e perdeu R$ 10. Sua perda foi de 10%. Mas de R$ 90 para R$ 100, o ganho precisa ser de 11,10%

• Se você tinha R$ 100 e perdeu R$ 20. Sua perda foi de 20%. Mas de R$ 80 para R$ 100, o ganho precisa ser de R$ 25%.

• Se você tinha R$ 100 e perdeu R$ 50. Sua perda foi de 50%. Mas de R$ 50 para R$ 100, o ganho precisa ser de 100%

• Se você tinha R$ 100 e perdeu R$ 90. Sua perda foi de 90%. Mas de $ 10 para R$ 100, o ganho precisa ser de 900%

Portanto, as perdas de seu capital, por menores que sejam precisam ser muito bem dosadas. Quanto maiores elas forem, maiores terão de ser os esforços para voltar ao patamar inicial.


COMO SE PROTEGER NA ALAVANCAGEM

Mas calma!

Existem formas de se alavancar sem maiores riscos.

Claro que elas não bastam por si só. É preciso uma estratégia que garanta:

  • Mais acertos que erros em suas operações com alavancagem em ações
  • Os ganhos que seus acertos rendem devem ser maiores que os prejuízos que os erros dão.

De outra forma, mesmo operando com alavancagem em ações usando os recursos que eu vou passar a seguir, pode ser muito frustrante e gerar prejuízos de qualquer forma.

Os dois recursos essenciais são:

  • Stop de proteção: já no início da operação com alavancagem em ações você define em que momento deve sair se a negociação começar a dar prejuízo
  • Dimensionamento adequado da alavancagem: não é porque você tem R$ 10 mil e com isso a corretora permite que você opere R$ 10 milhões em ativos que você vai operar dessa forma, alavancado até o talo. Você é quem define o tamanho de sua alavancagem e o quanto cada centavo de variação do ativo vai impactar efetivamente sobre seu capital

Pense na alavancagem como o acelerador de uma Ferrari. Não é porque ela chega a 360 quilômetros por hora que você vai usar toda a velocidade na via rápida de sua cidade. Você vai se acidentar e vai ferir outras pessoas além de você.


CUSTOS E TAXAS DE OPERAR ALAVANCADO EM AÇÕES

De um modo geral, os custos e taxas de operar com alavancagem em ações, é o mesmo das outras operações com ações:

  • Taxa de corretagem: há a cobrança de uma taxa tanto para a venda quanto para a compra das ações, intermediadas pela corretora. Porém, supondo que você estará operando alavancado, esse valor representa pouco dentro do valor total dos ativos e comparado com os potenciais lucros (ou prejuízos).
  • Taxas da bolsa: existem pequenas taxas de registro e efetivação das operações cobradas pela bolas
  • ISS: incide sobre a taxa de corretagem
  • Imposto de renda: só se você tiver lucro, incidirá uma taxa de 15% sobre ele que será paga até o último dia útil do mês seguinte ao que o lucro aconteceu
  • Em caso de a operação ser de venda (venda a descoberto, quando você vende sem ter as ações, apostando na queda), há a taxa de aluguel das ações e da intermediação do aluguel pela corretora e pela bolsa de valores


CONCLUSÃO: VALE A PENA USAR ALAVANCAGEM EM AÇÕES?

Claro que sim, desde que você tenha um excelente gerenciamento de risco, um excelente analítico (proporcionado por uma metodologia como o Raio X Preditivo) e a capacidade de gerenciar bem o tamanho de suas posições. Além de não ser tomado por emoções negativas como a ganância e o medo. A alavancagem em ações pode sim ser muito útil no aproveitamento de oportunidades da bolsa, mas deve ser usada com sabedoria e de maneira que não comprometa a sua saúde financeira, mental, emocional e física.

Escrito por Luiz Sato

Segundo Sato sua missão é transmitir conhecimento avançado aos traders brasileiros para aplicarem as metodologias e as ferramentas disponibilizadas ao seus alunos aumentando as probabilidades de ganhos nos mercados que são altamente competitivos e dominados principalmente pelos HFT´s (Robôs de alta frequência).

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