Margem de garantia pode fazer você ganhar muito tendo pouco, mas cuidado com as armadilhas do mercado. Não se engane!
Margem de garantia são os valores que você precisa ter na sua conta da corretora ou, então, em investimentos específicos, de maneira que você poderá operar ativos que valem muito, mas muito mais do que seu capital total, no day trade, no swing trade ou no position trade.
Imagine que você tem R$ 1.000 na conta da corretora: no day trade (operações que começam e terminam no mesmo dia), por exemplo, você pode comprar 10 minicontratos de dólar (que, juntos, valem US$ 100 mil) para tentar vendê-los com lucro logo depois. Em muitos casos, dá para comprar ainda mais minicontratos. Agora, se você deve fazer, isso é outra história que vamos tentar explicar aqui.
Margem de garantia tem por intenção garantir para a corretora que você tem dinheiro suficiente na conta ou em investimentos para pagar qualquer eventual prejuízo que venha a ter caso sua operação dê prejuízo. Geralmente, esse valor é bem menor, mas muito menor mesmo, que o valor do ativo operado. Já vi corretoras pedindo menos de R$ 20 para que você pudesse comprar um minicontrato de dólar, que vale US$ 10 mil no day trade. Aliás, como essa operação que começa e termina no mesmo pregão é a mais comum com uso de margem de garantia é a ela que nos referiremos nesse artigo, embora ela também possa ser usada em operações que duram mais de um dia (mas aí a margem pedida fica maior). O fato é que, no day trade, as margens de garantia pedidas são baixas, MUITO baixas, em relação aos ativos que você compra ou vende. Parece loucura, mas faz todo o sentido depois que você entende.
O QUE É A MARGEM DE GARANTIA
É conhecido que o preço de alguns ativos na bolsa de valores, como os contrato e minicontratos, é certamente alto. E mesmo com ações, para operar no day trade, como as oscilações de preço são minúsculas (diferentemente de tempos operacionais mais longos), é suposto que se opere lotes maiores a fim de que o risco valha a pena.
Veja só: um minicontrato de dólar equivale a US$ 10 mil. Um minicontrato de índice equivale a um quinto dos pontos do Ibovespa em reais (por exemplo, se o Ibovespa está em 100 mil pontos, o mini vale R$ 20 mil mais ou menos).
A maioria dos pequenos traders e investidores não tem US$ 10 mil para para fazer day trade, sequer R$ 20 mil.
Ainda que possuísse, traders mais cuidadosos preferem manter tais valores em investimentos mais seguros, pensando no longo prazo: renda fixa (CDB e outros), fundos de renda fixa, fundos multimercado, fundos de ações, Tesouro Direto ou mesmo uma carteira de ações.
Porém, usando a margem de garantia, é desnecessário comprometer tal dinheiro a fim de fazer day trade. Basta um insignificante valor líquido de sua conta. Além disso, os investimentos que você já tem (CDB, ações, Tesouro Direto, ouro, etc) também contam como margem.
Ainda que você não possua nenhuma aplicação elegível, basta que você possua líquido em sua conta valores tão pequenos como R$ 50. Esse valor é suficiente para que você compre e venda minicontratos de dólar ou minicontratos de índice. Mesmo que eles tenham valores muito superiores a R$ 50. Você já vai entender a ideia que há por trás disso.
COMO FUNCIONA A MARGEM DE GARANTIA?
A margem de garantia não corretora cobrando algo de você. Tal valor nunca vai deixar de estar em sua posse, desde que você não tenha uma perda em uma de suas operações no day trade. Se você encarar a margem de garantia como uma cobrança vai acabar por usá-la da forma errada. Na verdade, para o trader responsável o valor da margem de garantia que a corretora oferece é um dado quase que irrelevante.
A margem de garantia leva essa denominação a fim de deixar bastante evidente a sua utilidade: garantir que o trader terá dinheiro o bastante para cobrir um possível prejuízo em suas operações.
Por exemplo: imagine que você tem R$ 50 líquido em sua conta na corretora de valores. Você acredita que o minidólar vai subir e, então, inicia uma operação de compra de um minicontrato de dólar no momento em que a cotação é 5.000 pontos.
Cada ponto no minidólar vale R$ 10 (por motivos que não explicarei no momento). Diferentemente do que você esperava, o minidólar despenca 5 pontos. Como você só tem R$ 50, o sistema da corretora automaticamente fecha sua operação. Você chegou ao máximo de perda que sua margem de garantia permitia.
Mas imagine que, além de seus R$ 50 líquidos, você tivesse alguns investimentos elegíveis para servir de margem. Nesse caso, imagine que o minidólar despenca 10 pontos, significando uma perda de R$ 100. Nesse exemplo, você possuía mais margem. Sua conta ficará negativa em R$ 50, porque a margem de seus outros investimentos permite isso. Porém, para valores mais vultosos, a corretora pode até mesmo liquidar posições para pagar o prejuízo.
Você também pode decidir levar essa posição comprada para o dia seguinte. Mas aí ela deixa de ser day trade. E a margem de garantia para operações mais longas é maior. Ou seus investimentos elegíveis permitem isso ou você deposita mais dinheiro ou a operação é encerrada.
PERIGOS DE SE TER UMA MARGEM DE GARANTIA BAIXA
Quando estamos começando podemos correr o risco de perceber uma margem de garantia baixa como uma vantagem, porém tal comportamento é um grande erro. A margem de garantia, o seu valor, deve ser considerado pouco relevante para o trader.
Vamos a um exemplo hipotético prático:
A margem de garantia de uma famosa corretora em minicontratos no day trade é de R$ 20. O iniciante do trade, então, abre sua conta e deposita R$ 2 mil reais.
Tal quantia, observando-se a margem de garantia, permite que esse trader compre 100 minicontratos de cada vez (uma vez que a margem é vinte reais). Então ele compra os cem minicontratos de dólar, apostando que o preço vai subir.
Mas, contrariando a expectativa do inocente trader, o preço cai 2 pontos. Agora, faça as contas. Com cada ponto valendo R$ 10. Logo, ele tem um prejuízo de R$ 20 por minicontrato operado.
Assim, como a operação envolvia 100 minicontratos, o prejuízo foi de R$ 2000, todo o dinheiro que ele tinha na conta de uma vez só. E não esqueça que temos taxas de corretagem e outras também.
Dá para perceber com isso que uma margem de garantia baixa só significa que a corretora tem um bom sistema de gerenciamento de risco, capaz de encerrar operações tão logo o trader esgote suas reservas que servem como garantia. A margem de garantia é isso: uma proteção para a corretora. Não para o trader.
MARGEM DE GARANTIA NO DAY TRADE
Como explicamos anteriormente, a margem de garantia no day trade costuma ser menor. Embora o trader opere valores maiores no day trade, para que as pequenas variações que acontecem em segundo, minutos ou mesmo horas, produzam ganhos consideráveis. Porém, é isso: a volatilidade relativa ao valor do ativo não costuma ser grande. Assim, não há risco para o trader e a corretora que o ativo dê um salto repentino, consumindo ou ultrapassando o limite proporcionado pela margem de garantia. Assim, é possível ter uma margem de garantia pequena.
Agora, para operações em tempos operacionais maiores o risco sobe. Não são tão raros assim casos de pregões que já abrem com 2% de queda. Ou até muito mais. Então, se o trader segurou a operação para o dia seguinte, a corretora tem que se garantir: e se a bolsa abrir caindo 10%? Cada um dos traders com operações em aberto, vai precisar ter muito mais dinheiro para cobrir qualquer possível prejuízo. Por isso, para operações de maior monta é preciso ter mais dinheiro para cobrir a margem de garantia.
MARGEM DE GARANTIA AO OPERAR AÇÕES
A margem de garantia igualmente é exigida para operar ações e não somente em mini dólar e mini índice. Os diversos ativos disponíveis para operar na bolsa de valores sempre terão uma margem de garantia diferente que também poderá variar de corretora para corretora igualmente.
Normalmente, a margem de garantia exigida para ações é superior à margem de garantia para os contratos e os minicontratos. Porém, como de costume, dá para negociar em day trade com ações possuindo somas muito menores em conta do que o valor dos próprios ativos operados.
MARGEM DE GARANTIA AO OPERAR MINICONTRATOS
A margem de garantia deve ser calculada não pelo que a corretora oferece, mas sempre levando em conta quanto você pode perder em uma única operação ou em determinado período. Esse valor deve ser controlado através de uma ferramenta chamada “stop loss” que é um nível de preço que você determina e, uma vez atingido, a operação é encerrada automaticamente. Esse nível de preço, por sua vez, é determinado de acordo com a estratégia que você está usando, não pode ser um nível de preço qualquer: deve estar posicionado em uma região que, uma vez ultrapassada, indica que sua expectativa de alta ou de queda do preço não se realizará.
Assim, ainda que a corretora ofereça uma margem de garantia de R$ 20 por minicontrato de dólar e os seus R$ 2000 permitam que você compre 100 minicontratos, você não o fará. Você vai levar em consideração quanto você está disposto a perder em cada operação. Assim, por exemplo, perder 2 pontos com 2 minicontratos comprados, significa que você perdeu R$ 40 ou 2% do total de seu capital. Isso, para alguns, será muito. Para outros será pouco. Tudo depende de quanto você está disposto a arriscar. E não o que a corretora diz que você “pode” arriscar.
É como se você tivesse uma Ferrari. Você pode acelerar até os 360 quilômetros por hora. Mas a bolsa de valores é uma estrada esburacada, coberta de óleo, com um incêndio de um lado e um precipício de outro. Você vai acelerar tudo ou vai bem devagar para evitar estragar o carrão ou até mesmo morrer?
ALAVANCAGEM E MARGEM DE GARANTIA
Alavancagem, em linguagem bem simples, é quando tomamos um empréstimo no intuito de aumentar as possibilidades de ganhos.
Imagine uma pessoa de negócios que toma um empréstimo do banco. Certamente, ela vai pagar juros. E certamente também precisa dar um colateral – uma margem de garantia – em imóveis, veículos, ações ou qualquer outro bem.
Na corretora, quando usamos a margem de garantia em uma operação, estamos tomando emprestados ativos que valem de milhares de reais. Nossa promessa é, em algum momento, devolver aqueles ativos ao fim da operação. Isso só é possível se você tiver dinheiro que sirva como garantia, a margem de garantia.
Mas por que isso leva o nome de alavancagem?
Um exemplo vai tornar isso mais claro:
Digamos que o mini dólar esteja em 5 mil pontos. Você tem R$ 20 em sua conta. Pela margem pedida, que é justamente de R$ 20, você pode comprar 1 mini dólar. Nesse caso, você tem a expectativa de que a cotação suba.
A cotação subiu de 5000 pontos para 5010. E, assim, você ganhou R$ 100.
Veja: a cotação em si 0.2%.
Mas o seu ganho foi de R$ 20 na conta para R$ 120. Um ganho de 500%. O ativo variou 0,2% e você ganhou 500%. Isso é uma alavancagem de 2500 vezes. Isso quer dizer que você pode ganhar 2500 vezes sobre a variação do ativo.
Claro que isso é atraente e muita gente cai nessa armadilha, se alavancando até o talo.
Porém, se os lucros são alavancados, os prejuízos também são. Por isso, cuidado. Da mesma forma que subiu 10 pontos, poderia ter caído 2 pontos, para 4998. Uma queda de 0,04% faria perder todos os seus R$ 20.
O valor que usei como exemplo é pequeno, mas tem gente que perde muito mais por causa de sua cobiça.
CONCLUSÃO SOBRE A MARGEM DE GARANTIA
A margem de garantia possibilita que lucremos mais do que permitiriam o nosso dinheiro na conta da corretora, além da possibilidade de operar valores maiores do que nosso capital total. Isso, certamente, viabiliza lucros estratosféricos se comparados com a variação que um ativo pode ter em poucos minutos ou horas. O nome disso é alavancagem. Porém, o prejuízo é alavancado na mesma proporção, quando acontece. O principal é que você não use toda a alavancagem que a margem da corretora oferece. Sua alavancagem deve ser proporcional sempre a sua capacidade de arriscar – tanto financeiramente quanto psicologicamente. O uso da margem de garantia deve estar sob o controle de um cuidadoso gerenciamento de risco.